quinta-feira, 24 de março de 2016

Adventures in Sex City - uma unidade de saúde lança jogos educativos

Sim, esta coisa no canto inferior esquerdo é o que você está pensando sim
Já fugindo de minha proposta inicial... Este foi um dos primeiros jogos que analisei, estava só começando nesta área, antes de decidir focar nos jogos de entretenimento: http://www.portalintercom.org.br/anais/sudeste2014/resumos/R43-1273-1.pdf

Este é o Capitão Camisinha,
um dos heróis do Sex Squad
Ver um jogo como Adventures in Sex City me lembra o ditado "De boas intenções o inferno está cheio", mas é mais sobre como é difícil comunicar, estabelecer uma relação com um público e sobre como é mais difícil ainda criar um jogo digital. Esta situação me remete ao segundo capítulo do livro "Precariedades do Excesso: informação e comunicação em saúde coletiva", que questiona os resultados de um "boom" na produção de material informativo em unidades de saúde.

Bem, a produção tem seu lado positivo. Foi um projeto que supostamente chamou integrantes do público para o diálogo. Pode até ter sido mal conduzido, mas chamou. A imagem escrachada do pênis também é legal, porque parece não querer propagar o tabu da genitália, mas faz a gente questionar porque tem pênis mas não tem vagina. Olha aí a imagem do protagonismo do homem. O conteúdo não é de todo ruim, ele inclui questões sobre a vida das pessoas. O problema é que vemos um festival de afirmação de estereótipos e até de racismo. Entre os heróis do Sex Squad, a loirinha de olhos azuis é virginal e a morena é a cachorra que já pegou DST e entrou para o esquadrão após se curar. O herói negro, coitado, é a figura mais bizarra, que só perde em bizarrice para o vilão, um lutador mexicano com dois braços de pênis, que usa para espalhar suas DSTs pela cidade. Volta Jesus!

Já cheguei a pensar que explorar esteriótipos é coisa própria do humor, mas esta produção me provou o contrário: https://www.youtube.com/watch?v=yezAn6RL9XY

Sobre a dificuldade em se fazer um jogo digital, realmente não é mole, gente. Além de ter que trabalhar a estética, a usabilidade e os contextos, como em outras mídias, ainda temos que ter uma cultura grande sobre mecânicas de jogo e a capacidade de programação para materializá-las na forma de um novo jogo. O problema é que para muitos esta competência só chega até a capacidade de se fazer um quiz, mas tentam mascarar isso criando uma maquiagem de jogo de verdade que se desmancha rapidinho. Entramos na questão da "quebra de contrato de leitura": o jogador pensa que vai jogar uma coisa e descobre que foi enganado, como podemos ver neste vídeo:

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